Jurassic World: Recomeço chega como uma superprodução ansiosamente aguardada, com a promessa de devolver fôlego a uma franquia que ainda mobiliza milhões de fãs no mundo todo. O filme, tecnicamente impecável, exibe efeitos especiais de altíssimo nível e sequências de ação impressionantes, mas tropeça justamente no elemento mais essencial de qualquer narrativa memorável: a emoção.

É impossível ignorar o quanto o visual do longa fascina. Os dinossauros parecem vivos, as ambientações são grandiosas e o trabalho de direção de arte e efeitos digitais beira a perfeição. É entretenimento de alto nível, construído para impactar e arrancar suspiros — e nisso ele entrega. Mas a grandiosidade técnica não sustenta a história quando falta substância nos personagens.
Os protagonistas, apesar de bem escalados, não conseguem gerar empatia. Faltam conexões humanas reais, aquelas relações que fazem a gente torcer, sofrer ou se emocionar junto. Há um vazio narrativo que atravessa o filme inteiro, resultado de interações rasas e motivações mal desenvolvidas.
Scarlett Johansson, que costuma entregar atuações cheias de força e carisma, aqui parece ofuscada. Sua personagem soa quase mecânica, sem nuances que convençam. Diferente dela, Jonathan Bailey acaba se destacando — seu papel, embora também limitado pelo roteiro, brilha por sua entrega e presença em cena, conseguindo capturar a atenção e emprestar alguma autenticidade ao que se vê.
Outro ponto incômodo é a previsibilidade. Jurassic World: Recomeço não arrisca muito além do esperado: é como se seguisse um manual de franquias, apostando em fórmulas seguras e referências nostálgicas, mas sem coragem de renovar de fato a narrativa ou criar momentos genuinamente surpreendentes. Mesmo as cenas de maior tensão, ainda que muito bem executadas tecnicamente, carecem de impacto emocional porque o público não está engajado com o destino dos personagens.
O resultado é um filme que cumpre seu papel de espetáculo visual, sem dúvida, mas que deixa a sensação de ser vazio, incapaz de gerar qualquer reflexão mais profunda ou mesmo uma empatia duradoura. É entretenimento rápido, que brilha enquanto passa, mas não marca.
Em uma franquia tão grandiosa, que começou arrebatando plateias com a magia do inesperado e a força do inédito, o que mais faz falta é justamente essa capacidade de nos fazer acreditar de novo no impossível — não apenas no sentido técnico, mas no sentido humano.
Jurassic World: Recomeço poderia ter sido maior, mais potente, mais emocionante. Faltou coragem para se aproximar do público, para contar uma história onde os dinossauros não sejam os únicos seres vivos com algum brilho de verdade.
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