Amores Materialistas questiona o amor moderno com leveza, crítica social e boas risadas

Sabe aquele filme que você assiste achando que vai ser só mais uma comédia romântica, mas no fim sai meio pensativa? Foi assim que eu me senti com Amores Materialistas e posso dizer: eu gostei muito.

Na comédia Amores Materialistas, a personagem Lucy vive o dilema entre um amor antigo e um relacionamento com estabilidade financeira. Com um toque leve e divertido, o filme provoca reflexões sobre o que é ser romântico hoje em dia e como muita gente ainda confunde amar alguém com amar o que a pessoa tem. A crítica social embutida no roteiro é direta e atual, e a dinâmica entre os atores — mesmo com atuações discutíveis — funciona. Um filme que diverte, mas também cutuca.
foto divulgação

A história gira em torno da Lucy, interpretada pela Dakota Johnson (que, sinceramente, eu sempre achei meio sem sal, mas deu match com a personagem). A Lucy é uma casamenteira, tipo Tinder humano, juntando clientes com base em checklists e padrões. Ela chama o homem perfeito de “unicórnio” — ou seja, raro demais pra ser real. E, claro, nessa busca toda, ela acaba se deparando com dois caras: um empresário rico, bem sucedido, muito romantico e misterioso (Pedro Pascal) e seu ex-namorado que ainda está tentando ser ator e vivendo meio sem saber pra onde ir.

E aí o filme joga na nossa cara o dilema: você escolhe quem te dá estabilidade ou quem te dá verdade?

Apesar do enredo parecer clichê, o filme traz uma crítica muito atual sobre essa geração que se relaciona mais com o que a pessoa tem do que com quem ela é. E tem uma cena que me pegou: o cara pergunta se não tá sendo romântico ao levá-la num restaurante caríssimo. E ela? Fica muda. Porque não, gente. Isso não é ser romântico. Ser romântico é atenção, é presença, é ouvir, é um elogio no meio do dia, é dar algo que faça sentido — e não só gastar dinheiro.

A comédia acerta justamente aí: faz a gente rir enquanto cutuca. Mostra que os relacionamentos podem virar contratos disfarçados, que casamento há muito tempo é negócio (e o filme diz isso com todas as letras), e que, no fundo, o que todo mundo busca mesmo é amor de verdade — sem etiqueta de preço.

No final (e já avisando o spoiler, então se quiser pular… pula!), Lucy escolhe o ex-namorado. Mesmo com todas as incertezas. Porque o outro tinha tudo — menos sentimento. E a vida com base em fachada uma hora cansa. E isso é tão real, né?

Ah, e outra coisa que achei bacana: o filme quebra vários estereótipos visuais. O rico não tem “cara de rico” e o pobrinho é um loiro todo certinho. Um sopro de liberdade criativa nessa coisa de que latino é pobre e europeu é milionário. Eu achei ótimo.

Enfim, Amores Materialistas não é uma obra-prima do cinema, não é pra quem tá esperando atuações brilhantes ou diálogos super profundos. Mas ele entrega o que propõe: uma comédia leve, com boas sacadas e uma crítica social sincera no meio do riso. E isso, pra mim, já é mais do que muita coisa por aí.

Dou 4 estrelas de 5, e recomendo pra quem gosta de se divertir mas também sair com uma pulga atrás da orelha.


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