Se você é fã de filme que te deixa grudada na cadeira, com suor na mão e pensamento acelerado, “Uma Batalha Após a Outra” vai te entregar exatamente isso — e mais um pouco. São duas horas e cinquenta minutos de pura tensão, e sinceramente? Eu encarava mais fácil outras duas horas e cinquenta. Porque quando um filme é bom, ele passa voando.

O diretor Paul Thomas Anderson — que já gosta de cutucar a ferida social com personagem ganancioso e manipulador — entrega aqui uma crítica direta ao mundo em que a gente vive. Leonardo DiCaprio interpreta Bob Ferguson, um revolucionário que, nos tempos da juventude, ao lado da maravilhosa e inconsequente Perfidia (interpretada com presença absurda por Teyana Taylor), ele fazia parte do grupo French 75, explodindo banco, batendo de frente com o sistema e vivendo aquele caos revolucionário.
Mas aí vem a vida. A filha nasce. Bob tenta desacelerar. Só que a Perfidia… não. Ela não quer saber de família, quer revolução, caos, explosão. Resultado? Ela vira delatora. E aí tudo muda. Passam-se 16 anos. E é nesse tempo que o filme mergulha em temas que ainda são, infelizmente, extremamente atuais: racismo, misoginia, homofobia, machismo, autoritarismo, intolerância.
A narrativa segue com o militar Steven Lockjaw (personagem de Sean Penn, que está impecável e merece sim indicação a prêmio). Ele, que era do sistema, se apaixona pela Perfidia. E é aí que a gente vê como tudo é pano passado quando convém. No presente, Steven volta a caçar Bob e sua filha, agora adolescente. Posso estar enganada, ou talvez não, mas A Willa, filha do casal, entra em cena querendo uma mudança real — com outro tipo de armamento. Uma crítica afiada ao jeito como cada geração luta suas batalhas, enquanto os pais se armavam para a revolução, ao fim do filme ela simplesmente entra no carro e vai, com o seu “armamento”…argumento, posicionamento, uma liderança mais cativante…enfim, percebe-se essa diferença nas gerações.

A atuação de DiCaprio é genial. Ele entrega um ex-revolucionário meio lesado, que fumou demais, bebeu demais, esqueceu até os códigos do grupo. É quase cômico, mas de um jeito muito humano. Já Benicio Del Toro, no papel de Sensei Sergio, traz aquele equilíbrio inesperado no meio do caos. Ele é o “zen” do filme, aonde tudo está explodindo e ele vem com mantras e calmaria, comico demais, encaixa perfeitamente em todas as cenas do filme.
O filme mistura ação, comédia, drama, crítica social e perseguição o tempo todo. Cada cena é montada pra te prender, e o clímax é um atrás do outro. É montanha-russa emocional — e a direção de arte, as cores, o som, os cortes de câmera — tudo colabora pra isso. Ah, e tem isso: o público amou. As avaliações estão quase 100% positivas, o que, sinceramente, não me surpreende.
Dou 5 de 5 estrelas e recomendo fortemente assistir. É filme que vai dar o que falar. E mais do que isso: é filme que te faz pensar no mundo onde você vive, nas batalhas que você compra, nas que você ignora e em como a gente ainda tá preso em ciclos muito parecidos com os de décadas atrás.
Assiste e depois me conta: qual é a sua batalha?
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