Kiko Mascarenhas: O Maestro da Empatia em “Todas as Coisas Maravilhosas”


Na noite de terça-feira, 26, a estreia de “Todas as Coisas Maravilhosas” na Mostra Lúcia Camargo deixou o público profundamente tocado. A peça, escrita pelos britânicos Duncan Macmillan e Joe Donahue, aborda temas delicados como depressão e suicídio de maneira a valorizar os aspectos positivos da vida. O destaque da noite foi a performance do ator e protagonista Kiko Mascarenhas, que não só comandou o palco mas também envolveu a plateia de maneira essencial na narrativa.

Todas as Coisas Maravilhosas - Kiko Mascarenhas
Todas as Coisas Maravilhosas – Kiko Mascarenhas

O sucesso de “Todas as Coisas Maravilhosas” não repousa apenas nos ombros de Kiko. A peça exige a participação ativa do público, que inicialmente hesitante no Teatro Zé Maria, rapidamente se entregou à experiência. O ator compartilhou seu insight sobre o desafio de engajar o público em uma peça interativa: “Eu sei o quão difícil pode ser para as pessoas aceitarem participar de uma peça interativa… Então, se existe algum segredo, é que eu me coloco de uma forma muito acolhedora com a plateia. É uma interação sempre muito respeitosa.”

Essa abordagem respeitosa transforma a experiência, gerando uma atmosfera de ansiedade positiva entre os espectadores, ávidos por contribuir. “Uma hora, todo mundo percebe que está no mesmo jogo, num lugar de segurança, de confiança,” relata Kiko.

Fernando Philbert, o diretor, elogia a habilidade de Kiko em nivelar a relação entre ator e público, evitando que os espectadores se sintam meros objetos da performance: “É um pouco arriscado. Pra fazer isso, você precisa ter um grande amor pela plateia.”

A adaptação portuguesa da peça, realizada pelo dramaturgo Diego Teza, enfatiza a esperança, mesmo diante de situações desesperadoras, seguindo as orientações dos autores originais para que não haja barreiras visuais entre ator e plateia. “É uma peça sobre esperança… Sobre como você consegue continuar caminhando mesmo em momentos de desespero,” explica Teza.

A peça também é vista como um potencial catalisador para conversas sobre saúde mental, com Kiko se mantendo disponível para diálogos com o público após o término das apresentações. Estas interações revelam histórias pessoais de perdas e lutas contra a depressão, fortalecendo o impacto emocional e curativo da obra.

Celebrando 40 anos de uma carreira distinta, Kiko reflete sobre a jornada e a satisfação de alcançar este marco, compartilhando pequenas certezas que confirmam a escolha certa de seu caminho. “Todas as Coisas Maravilhosas” se destaca não apenas pela sua capacidade de tratar temas complexos com delicadeza, mas também pela habilidade de criar um espaço de confiança e cura através da arte.

Texto adaptado de: ANDRÉ NUNES – ASS. DE IMPRENSA E NOTÍCIAS

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