Daqui Ninguém Sai’: A Obra de Dalton Trevisan no Palco do Festival de Curitiba

Dalton Trevisan, amplamente reconhecido como o maior contista da língua portuguesa, nunca recebeu o reconhecimento que merecia no Brasil, segundo Nena Inoue, diretora de “Daqui Ninguém Sai”. A declaração foi feita durante entrevista coletiva realizada na manhã de terça-feira, 25 de março, na Sala de Imprensa Ney Latorraca, no Hotel Mabu.

O elenco de “Daqui Ninguém Sai”. Foto: Annelize Tozetto.
O elenco de “Daqui Ninguém Sai”. Foto: Annelize Tozetto.

A peça, que adapta a obra do escritor curitibano, fará sua estreia nacional no Festival de Curitiba, como parte da Mostra Lucia Camargo, com ingressos gratuitos.

“A apresentação é uma verdadeira celebração de Dalton Trevisan e do teatro”, disse Nena Inoue. Ela revelou também que há planos para levar a montagem para outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba e para escolas, com o intuito de apresentar a obra de Trevisan às novas gerações. “Foi um processo muito honesto. Sinto que nunca trabalhei tanto na minha vida”, contou a diretora.

O processo criativo de “Daqui Ninguém Sai” foi desafiador. Nos últimos dias de preparação, todo o projeto original foi descartado, e a dramaturgia precisou ser reescrita do zero. “Foi um momento de desespero”, brincou o ator Val Salles, que foi selecionado junto com o elenco através de um edital do Centro Cultural Teatro Guaíra, uma produção do Teatro de Comédia do Paraná. “Por outro lado, essa mudança trouxe um frescor à obra”, acrescentou.

A adaptação para os palcos passou por 27 versões e utilizou 60 contos de Dalton Trevisan. Pela primeira vez, parte da correspondência íntima do autor, trocada com nomes como Otto Lara Resende e Carlos Drummond de Andrade, será lida em cena.

“Ao longo de sua carreira, Dalton sempre teve um carinho especial pelo teatro, e também por Nena Inoue”, disse Fabiana Faversani, agente e amiga de longa data do escritor, além de consultora de “Daqui Ninguém Sai”. “Quando Dalton autorizou o projeto, sabia do poder do teatro de conectar com o público e confiava que sua obra seria tratada com o respeito que merecia. Ele sempre foi muito cuidadoso com sua imagem e obra.”

Para a atriz Laís Cristina, que está no começo de sua carreira adulta, a experiência em “Daqui Ninguém Sai” revelou um Dalton Trevisan muito diferente do que ela imaginava. “Dalton não é o machista e misógino que a mídia muitas vezes pintou. Ele escreveu sobre essas questões como uma forma de denúncia”, refletiu a jovem atriz.

A montagem de “Daqui Ninguém Sai” no Festival de Curitiba promete, assim, apresentar uma faceta inédita de Dalton Trevisan, proporcionando uma reflexão profunda sobre sua obra e sua relevância na literatura brasileira.

Matéria original: Festival de Curitiba Por Sandoval Matheus

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