O cinema brasileiro acaba de alcançar um novo marco em sua história. O longa “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, dirigido pelo curitibano Bruno Costa, é o primeiro filme nacional com uma protagonista surda e interpretada por uma atriz surda. A estreia mundial acontece no Cine PE – Festival do Audiovisual, e o filme já tem passagem confirmada por outras mostras importantes, como o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

A produção traz uma comédia dramática sensível e contemporânea, abordando as reinvenções do amor e da vida em diferentes fases, com uma abordagem rara: toda a obra é interpretada em Libras e construída para ser inclusiva dentro e fora da tela.
Uma história de encontros possíveis
Na trama, Sol (Chiris Gomes) é uma professora que, insatisfeita com o casamento, decide se separar do marido, Miguel (Octávio Camargo), ainda que sigam dividindo o mesmo lar. Em meio a essa transição, Sol conhece Lola (Gabriela Grigolom), mãe de uma de suas alunas e mulher negra e surda que luta para manter viva sua companhia de teatro.
O vínculo entre Sol e Lola começa pela comunicação em Libras — Sol teve um irmão surdo — e cresce para uma relação afetiva que desafia convenções. A presença de Lola na casa da ex-casal transforma a convivência, levantando questões sobre amor, respeito e identidade.
“Quisemos quebrar estereótipos da teledramaturgia sobre pessoas com deficiência e retratar uma relação lésbica que confronta a masculinidade frágil com humor e realismo”, comenta o diretor Bruno Costa, que também assina o roteiro.
Representatividade surda real, dentro e fora da tela
Gabriela Grigolom assume o protagonismo em um marco inédito para o cinema nacional. O elenco conta ainda com sete atores surdos e mais de 30 figurantes surdos. Todo o processo foi acompanhado por Jonatas Medeiros, intérprete e consultor de Libras, que também atuou como assistente de direção. Medeiros é um dos fundadores da Fluindo Libras, coletivo que atua na promoção da língua de sinais e da acessibilidade cultural no teatro e no audiovisual.
“Lola enfrenta uma série de invisibilizações: por ser surda, mãe divorciada, negra e lésbica. A relação com Sol permite que ambas ganhem novas perspectivas sobre o que é amar e viver”, completa Costa.
🎥 Confira o teaser:
Produção com propósito
“Nem Toda História de Amor Acaba em Morte” é produzido pela Beija Flor Filmes, de Gil Baroni e Andréa Tomeleri, conhecida por obras como “Alice Júnior” e “Casa Izabel”. Com foco em narrativas LGBTQIA+ e representações de grupos historicamente marginalizados, a produtora reforça seu compromisso com histórias autênticas, plurais e transformadoras.
Após sua estreia no Cine PE, o longa integra a Mostra Exibições Especiais do Olhar de Cinema 2025, passa pelo Festival Rio LGBTQIA+ e Acessa BH, antes de chegar aos cinemas em 2026, com distribuição da Elo Studios.
📱 Mais informações estão disponíveis no Instagram oficial @nemtodahistoria e no site da produtora: beijaflorfilmes.com.
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