“Salão de Baile”: Uma Janela para a Cultura Ballroom

“Salão de Baile” (This is Ballroom), um aclamado documentário, fez sua estreia no Brasil na 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, realizada entre 12 e 20 de junho de 2024. Este filme foi apresentado pela primeira vez ao mundo em março, no prestigiado Festival Internacional de Documentários de Copenhague – CPH, na Dinamarca, onde gerou significativa repercussão. Em maio, foi a única representação brasileira no Vox Feminae na Croácia, consolidando seu impacto internacional.

Cultura Ballroom
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A narrativa de “Salão de Baile” nos leva ao efervescente universo da cena ballroom carioca, uma comunidade vibrante composta por pessoas pretas e LGBTQIAPN+, herdeira da cultura surgida nos anos 70 em Nova York. O filme foi produzido com o apoio do 2º Edital de Fomento ao Audiovisual da Prefeitura de Niterói – FAN – Fundação de Arte de Niterói, e co-produzido pela RioFilme.

A trama se desenvolve em torno de um baile típico da região, onde membros da comunidade negra e LGBTQIAPN+ celebram e expressam suas identidades através de competições de moda, beleza, dança, e música. “A ballroom é um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”, detalha Juru, diretor do projeto junto a Vitã.

Juru e Vitã, ambos ativos na cena ballroom do Rio, e a maioria da equipe do filme são membros dessa mesma comunidade. “Mais do que um filme sobre a cena ballroom, nós fizemos um filme com a comunidade ballroom. Queremos proporcionar ao espectador uma experiência de imersão no universo, com o nosso olhar ‘de dentro’”, compartilha Vitã. Luis Carlos de Alencar, da Couro de Rato, enfatiza, “A cena ballroom é talvez a mais radical e mais interessante do underground fluminense. Em termos de força, de enfrentamento, de expressividade, de cultura, de movimentar os subterrâneos da cidade, não tem nada que chegue aos pés dela.”

A Cultura Ballroom começou nos EUA, originando-se dos concursos de beleza drag da década de 60, liderada por Crystal LaBeija, que lutou contra a exclusão racial na comunidade drag. Essa cultura floresceu com a criação das “houses”, lares simbólicos que proporcionavam segurança e suporte para jovens negros e latinos LGBTQIA+ marginalizados. Desde então, esses eventos se expandiram para incluir uma variedade de expressões artísticas e de gênero, destacando-se o voguing, uma dança estilizada que se tornou emblemática da ballroom.

Atualmente, quase todas as semanas, um baile é realizado em algum lugar do Brasil, perpetuando os pilares da cultura ballroom: o baile e a família. Este movimento contínuo é um testemunho da resistência e da expressão vibrante que define a cena ballroom.

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