O Museu Oscar Niemeyer (MON) tem o prazer de anunciar a exposição “A Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty” em Morretes, no pitoresco litoral paranaense. Com curadoria de Ricardo Freire, esta mostra exclusiva apresenta um recorte de 50 desenhos que integram a vasta coleção permanente do MON, composta por mais de 4 mil obras do renomado artista Poty Lazzarotto. A exposição estará aberta ao público a partir do dia 14 de junho, no Instituto Mirtillo Trombini, oferecendo uma oportunidade ímpar para o público local e visitantes se conectarem com a genialidade de um dos maiores nomes da arte brasileira.

Luciana Casagrande Pereira, Secretária de Estado da Cultura, enfatiza a importância desta iniciativa: “Poty Lazzarotto é um dos maiores nomes da arte brasileira, e sua obra carrega a identidade do Paraná em cada traço. Levar essa coleção a diferentes regiões do Estado é uma forma de democratizar o acesso à arte, fortalecer o sentimento de pertencimento e valorizar a cultura local. É nosso compromisso fazer com que o legado de Poty ultrapasse os muros dos museus e dialogue com o maior número possível de pessoas”.
A Essência da Vida em Traços de Nanquim: Uma Jornada Pela Obra de Poty
Através de traços marcantes de nanquim, carvão, sombra e hachura, a exposição revela as páginas da vida sob a perspectiva única de Poty Lazzarotto. Ricardo Freire, o curador, descreve a profundidade da seleção: “Por meio desses desenhos, acompanhamos os estágios quase sempre inevitáveis na existência do homem comum, mas também o caminho dos que saem para fora da curva, os excêntricos, os pecadores ou transgressores, os que se perdem no caminho”.
A ausência de cores nos desenhos de Poty, combinada com seus traços breves e sintéticos, mas incrivelmente expressivos, permite uma captação rápida e profunda da essência de cada personagem e cena. A mostra abrange toda a trajetória artística de Poty Lazzarotto, desde seus primeiros trabalhos na juventude até suas últimas criações. São estudos detalhados para gravuras e ilustrações, além de registros singelos do cotidiano, que juntos formam um panorama completo de sua evolução e versatilidade.
Poty Lazzarotto (Curitiba, 1924–1998) iniciou sua jornada artística pelo desenho, aprofundando-se posteriormente na gravura, onde se tornou um verdadeiro mestre. Ele foi o criador do primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo (MASP), deixando um legado inestimável para a arte brasileira. Grande parte de sua produção é intrinsecamente biográfica, evocando memórias de sua infância, como as lembranças de trilhos e vagões de trem, e registrando os tipos curitibanos e os cenários que eles habitam, com uma autenticidade ímpar.
Com um estilo direto e sem rodeios, Poty ilustrou diversas obras da literatura brasileira, incluindo clássicos como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Sua capacidade de dar vida aos personagens e ambientes é notável, e ele também retratou os controversos curitibanos dos contos de outro ícone paranaense, Dalton Trevisan, com a mesma maestria.
Além de sua marcante presença na literatura, Poty Lazzarotto deixou sua assinatura em toda Curitiba por meio de seus monumentos e painéis de azulejo e concreto aparente. Um exemplo notável é o painel “Desenvolvimento histórico do Paraná”, de 1953, localizado na Praça 19 de Dezembro. Outras obras emblemáticas incluem os painéis da travessa Nestor de Castro, que retratam, de um lado, uma Curitiba que já não existe, e, do outro, a evolução da cidade, que surgiu em meio ao pinheiral, foi habitada por imigrantes e hoje se destaca no campo do urbanismo.
A coleção doada ao Museu Oscar Niemeyer abrange toda essa vasta produção. Nela, é possível encontrar originais que foram reproduzidos inúmeras vezes em livros e publicações sobre o artista. A exposição também oferece a oportunidade de entrar em contato com os desenhos realizados por Poty em sua expedição ao Xingu, em 1967, e de adentrar a intimidade de um Poty quase desconhecido. Além disso, a coleção inclui esboços, projetos e estudos, permitindo observar a evolução de seu traço, desde a juventude até a maturidade. Dessa forma, a coleção se configura como um verdadeiro material etnográfico sobre o artista.
A coleção é, ainda, composta por obras consumadas, como desenhos, xilogravuras, litogravuras, gravuras em metal, entalhes em madeira e blocos de concreto: milhares de peças que atestam a polivalência do artista. Por meio da obra de Poty, temos acesso à arte que foi e continua sendo produzida no Paraná.
Preservar não apenas o legado desse artista, mas também sua memória, é, acima de tudo, um dever – uma tarefa assumida e exemplarmente realizada pelo Museu Oscar Niemeyer.
SERVIÇO:
Exposição “A Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty”
Instituto Mirtillo Trombini – (Largo Dr. Lamenha Lins, Morretes – PR)
Abertura: 14 de junho
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