Olhar de Cinema 2025 destaca mais de 14 filmes dirigidos por mulheres

A 14ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba celebra a diversidade de vozes e perspectivas no audiovisual. Neste ano, o evento destacou mais de 14 filmes com direção feminina, entre curtas e longas-metragens, reforçando seu compromisso com a pluralidade de olhares sobre o mundo.

As diretoras Ana Catarina Lugarini, Sofia Moreira e Letícia Simões / Foto: Diulgação
As diretoras Ana Catarina Lugarini, Sofia Moreira e Letícia Simões / Foto: Diulgação

O festival, que teve início na última semana, reúne mais de 90 produções nacionais e internacionais. Um dos grandes destaques é o longa “Torniquete”, dirigido pela curitibana Ana Catarina Lugarini e estrelado por Marieta Severo. Aclamado pelo público, o filme teve ingressos esgotados e integra a Mostra Competitiva Brasileira.

“Torniquete” e o reencontro entre gerações

Em “Torniquete”, três mulheres de gerações distintas passam a viver sob o mesmo teto pela primeira vez. Entre conflitos, memórias e afetos, elas precisam redefinir o significado da palavra “lar”. O filme se destaca pela sensibilidade narrativa e pela força de suas atuações, em especial da veterana Marieta Severo.

Ineditismo e representatividade

Outro filme que chamou atenção foi “Glória & Liberdade”, de Letícia Simões. O longa marca a história do festival ao ser a primeira animação dirigida por uma mulher selecionada para a Mostra Competitiva Brasileira de Longas. A obra explora temas como ancestralidade, resistência e liberdade a partir de uma linguagem visual potente.

Também na Mostra Competitiva, o longa “Cais”, da diretora Safira Moreira, reforça a potência do olhar feminino no cinema contemporâneo. A produção já foi reconhecida por importantes iniciativas, como Rumos Itaú Cultural, Fundo Avon Mulheres e Sundance Documentary Fund.

Olhares que transformam o cinema

A curadoria da edição 2025 reforçou o compromisso do Olhar de Cinema em valorizar a multiplicidade de estilos, vozes e narrativas femininas. Ao oferecer visibilidade para cineastas mulheres, o festival contribui para ampliar os espaços de criação e protagonismo no audiovisual.

Confira a seguir todos os longa-metragens dirigidos por mulheres na edição deste ano do Olhar de Cinema.

– “Aoquic iez in Mexico! O méxico Não Existirá Mais” (“¡Aoquic iez in Mexico! ¡Ya México no existirá más!|Dir. Annalisa D. Quagliata Blanco | México | 2024 | 80’)
Sinopse: Uma visão frenética percorre uma Cidade do México convulsionada, uma colossal metrópole sustentada pelo mito do “mestizaje” e outras formas de violência colonial. Passado e presente tecem uma série de imagens; memórias fragmentadas dessa terra. Deidades antigas se encarnam, enquanto os sonhos se desenrolam através da intimidade, cumplicidade e tumulto.

– “Cais (Dir. Safira Moreira | Brasil | 2025 | 69’)
Sinopse: Dois meses após o falecimento de sua mãe Angélica, Safira viaja em busca de encontrá-la em outras paisagens. Num curso fluvial, o filme percorre cidades banhadas pelo Rio Paraguaçu (Bahia) e pelo Rio Alegre (Maranhão), para imergir em novas perspectivas sobre memória, tempo, nascimento, vida e morte.

– “Eu, A Pior de Todas” (“Yo, La Peor de Todas”| Dir. Maria Luisa Bemberg | Argentina | 1990 |105 min)
Sinopse: Yo, la peor de todas retrata a vida da escritora e freira mexicana Sor Juana Inés de la Cruz, abordando sua luta por liberdade intelectual e sexual no século XVII. O filme explora sua relação com a Igreja, o amor proibido e seu legado literário, destacando o conflito entre a fé, o desejo e a razão.

–  “Explode São Paulo, Gil” (Dir. Maria Clara Escobar | Brasil, Portugal | 2025| 97’)
Sinopse: Gil sempre quis ser cantora. Ela se mudou para São Paulo com sua esposa quando tinha 20 e poucos anos. Agora, aos 50, é faxineira. Maria Clara lhe propõe fazer um filme no qual Gil será CANTORA. Ela também quer explodir São Paulo. Gil não quer, mas aceita para que o filme aconteça. Gil se torna uma famosa, elas explodem duas cidades e refletem sobre sonhos, trabalho, envelhecimento e esquecimento. 

– “Fire Supply” (“Fire Supply” | Dir. Lucía Seles | Argentina | 2024 | 156’)
Sinopse: Por que os podcasts têm um limite? Uma pessoa que ama sua mãe e seu pai gostaria de fazer gelo ou aço ou ter um cemitério para que sua mãe não sofresse por ninguém

– “Glória & Liberdade” (Dir. Letícia Simões | Brasil | 2025 | 73’)
Sinopse: 2050. O continente Pau-Brasil celebra 200 anos das Revoltas Regenciais que dividiram o Brasil em nações. Azul, documentarista da República da Bahia, viaja pelo Norte e Nordeste para investigar o colapso da unidade brasileira. Entrevistando líderes, camponeses, pajés e hackers, ela explora revolução e identidade. Em casa, enfrenta uma insurreição que desafia suas certezas sobre história e luta. 

 “Hot Milk” (Dir. Rebecca Lenkiewicz | Reino Unido, Grécia | 2024 | 92 min)
Sinopse: Com uma doença estranha, mãe e filha embarcam em uma jornada para a costa espanhola para encontrar uma cura, e ao longo do caminho a filha descobre outra realidade longe de sua mãe controladora.

– “Invenção” (“Invention” | Dir. Courtney Stephens| Estados Unidos | 2024 | 72’)
Sinopse: Após a morte inesperada de um pai obcecado por teorias da conspiração, sua filha recebe a patente de um dispositivo experimental de cura. Com imagens de arquivo do verdadeiro falecido pai da atriz Callie Hernandez, Invenção explora o processo de luto por um pai complicado, e a própria realização do filme se torna parte desse processo. 

“Medidas para um Funeral” (“Measures For A Funeral”|Dir. Sofia Bohdanowicz|Canadá|2024|142 min)
Sinopse: De Toronto a Oslo, seguimos a jornada de uma jovem acadêmica, Audrey Benac. Audrey embarca em uma busca por uma mulher — a renomada violinista canadense do início do século XX, Kathleen Parlow — enquanto, ao mesmo tempo, foge de outra: sua mãe, uma musicista fracassada.

– “Na Passagem do Trópico” (Dir. Francisco Miguez| Brasil |2025 | 86’)
Sinopse: Um topógrafo mapeia áreas de risco de deslizamento na cidade de Ubatuba, em uma região de encosta na mata atlântica. Obcecado por medir e organizar, ele se depara com um território de ocupação humana caótica e repleta de conflitos. A história da cidade cruza seus passos, e através de seu teodolito, vê imagens do passado.

– “Os Lobos” (“Les Loups” | Dir. Isabelle Prim| França | 2024 | 96’)
Sinopse: No meio do século XVIII, a Besta é caçada ao redor do Château de Saint-Alban. No meio do século XX, um novo tipo de psiquiatria é inventado lá. Teatro e loucura atravessam os séculos.

– “Paraíso” (Dir. Ana Rieper | Brasil | 2025 | 76’)
Sinopse: Documentário de longa-metragem sobre as heranças da condição colonial brasileira na vida diária hoje. A partir de uma narrativa musical e do uso de material de arquivo de naturezas diversas, o filme propõe uma viagem inquieta por relações forjadas pela posse de terras e de pessoas. Uma sinfonia popular sobre violência, resistência, força e afeto.

– “Quando o Telefone Tocou” (“Kada je Zazvonio Telefon”|Dir. Iva Radivojević|Sérvia, Estados Unidos|2024|73 min)
Sinopse: Por meio da reconstrução íntima de um telefonema importante, When The Phone Rang investiga o deslocamento e a natureza da memória. Na mente da protagonista de onze anos, a ligação apaga todo o seu país, sua história e identidade.

– “Torniquete” (Dir. Ana Catarina Lugarini | Brasil | 2025 | 75’)}Sinopse: Uma família multigeracional de três mulheres enfrenta as marcas de mais uma invasão traumática, revisitando o passado, reconstruindo o futuro e curando suas feridas.

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