“Manifesto Transpofágico”: Renata Carvalho e o Poder Transformador da Arte no Festival de Curitiba

O Festival de Curitiba testemunhou um espetáculo que prometeu ser um divisor de águas no diálogo sobre diversidade e transformação social. “Manifesto Transpofágico”, apresentado por Renata Carvalho, foi uma exploração corajosa da vivência trans e se destacou como uma das atrações centrais da Mostra Lucia Camargo. Este monólogo notável teve suas cortinas abertas nos dias 27 e 28 de março, às 20h30, no íntimo Teatro Paiol, marcando um retorno triunfal do espetáculo ao Festival após o adiamento causado pela pandemia em 2020.

Renata Carvalho - Manifesto Transpofagico - Foto Annelize Tozetto
Renata Carvalho – Manifesto Transpofagico – Foto Annelize Tozetto (divulgação)

Dirigido por Luiz Fernando Marques, conhecido carinhosamente como Lubi, “Manifesto Transpofágico” marcou um ponto alto na carreira de Renata, tanto como atriz quanto como ativista. Com uma abordagem que ela chama de “travaturgia”, a peça buscou transcender as narrativas convencionais ao redor das experiências trans, oferecendo uma nova perspectiva que mesclou sonho, sucesso, e amor.

“Sempre achei que ia morrer. Morrer de morte matada. E aí descobri que quero é viver”, compartilhou Renata, expressando uma mudança significativa em sua visão de vida e arte. A peça não foi apenas uma resposta aos desafios enfrentados pela comunidade trans, mas um convite para celebrar a vida em todas as suas facetas.

Ao contrário de seus trabalhos anteriores, marcados por um certo grau de combatividade, em “Manifesto Transpofágico”, Renata adotou um tom mais suave e reflexivo. “Eu não quero mais gritar”, afirmou a artista, sinalizando uma evolução em sua abordagem à comunicação e à arte. O espetáculo prometeu narrativas de esperança e êxito, abordando temas sensíveis sem reforçar estereótipos ou reproduzir transfobia.

Renata refletiu sobre um período sombrio em que foi perseguida e ameaçada, mas destacou como a falta de empatia da classe artística foi ainda mais dolorosa. Sua luta, segundo ela, nunca foi apenas individual, mas sim um esforço coletivo pela inclusão e reconhecimento de todos no palco.

Lubi, seu diretor e parceiro, destacou a coragem e a importância de Renata no teatro brasileiro, enfatizando a necessidade de uma revisão crítica e de um pedido de desculpas por parte daqueles que a atacaram. “Ainda não se fez uma revisão”, lamentou Lubi, ao mesmo tempo que celebrou a habilidade de Renata como atriz e artista.

No coração do “Manifesto Transpofágico” residiu a crença inabalável de Renata no poder transformador da arte. “A arte transforma a plateia, então é esse poder que eu quero”, declarou a atriz, evidenciando sua missão de não apenas tocar, mas também transformar corações e mentes através do teatro.

A Mostra Lucia Camargo, patrocinada por renomadas instituições, não apenas ofereceu um palco para “Manifesto Transpofágico”, mas também celebrou a diversidade e a capacidade da arte de provocar mudanças significativas na sociedade.

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