Pela primeira vez na história do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, um longa-metragem de animação foi selecionado para integrar a Mostra Competitiva Brasileira de Longas. O feito é protagonizado por “Glória & Liberdade”, dirigido por Letícia Simões, baiana radicada em Pernambuco e roteirista da série premiada “Cangaço Novo”.

A animação estreia mundialmente em Curitiba durante o festival, que acontece entre 11 e 19 de junho de 2025 e ocupa alguns dos espaços mais emblemáticos da cidade, como a Ópera de Arame, o Museu Oscar Niemeyer, Cine Passeio, Teatro da Vila, Cinemateca e Cine Guarani.
Uma distopia brasileira com raízes históricas
Ambientado em um Brasil alternativo de 2050, o filme propõe um futuro ficcional em que as revoltas populares do século XIX — Cabanagem, Balaiada, Praieira e Sabinada — deram origem a um novo continente chamado Pau-Brasil, fragmentado em nações independentes. A protagonista Azul, interpretada por Larissa Góes, é uma jovem documentarista da República da Bahia que viaja entre essas nações para compreender como e por que o antigo país se desfez.
Cada uma das quatro nações fictícias — Taua Sikusaua Kato (amazônica e indígena), República de Caixas (zona do Ceará, Maranhão e Piauí), Reino Unido de Pernambuco, e República da Bahia — é apresentada com estéticas, culturas e linguagens próprias, misturando elementos de ficção científica, narrativa documental e cultura popular brasileira.
“E se as revoltas regenciais tivessem dado certo? O filme é uma fabulação crítica, uma tentativa de imaginar o que poderia ter sido e, quem sabe, o que ainda pode ser”, comenta Letícia Simões.
Uma jornada política, cultural e pessoal
Ao longo da narrativa, Azul encontra pajés, hackers, líderes populares e historiadores, costurando fragmentos de memória e disputas históricas. Mas é dentro de sua própria casa que a personagem enfrentará a transformação mais intensa, ao confrontar no íntimo as ideias de revolução e liberdade.
“Glória & Liberdade” convida o público a repensar os conceitos de nação, território e identidade, abordando a potência da diversidade cultural brasileira por meio da arte da animação — em uma obra sensível, inovadora e politicamente provocadora.
Assista ao trailer:
Sessões no Olhar de Cinema 2025
📍 14 de junho – 15h30
Local: Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON)
A sessão será seguida por debate com equipe do filme
📍 15 de junho – 15h30
Local: Cine Passeio (Sala Luz)
A 14ª edição do Olhar de Cinema ainda é marcada por várias outras estreias nacionais e mundiais, que integram as Mostras Competitivas – Brasileira e Internacional. Confira outros longas da Competitiva Brasileira:
– “Apenas Coisas Boas” (Dir. Daniel Nolasco | Brasil | 2025 | 108’)
Classificação indicativa 18 anos
Sinopse: Catalão, interior de Goiás, 1984. Antonio vive sozinho e isolado cuidando dos afazeres de sua pequena fazenda até o dia em que seu destino cruza com o de Marcelo, um motoqueiro solitário que sofre um acidente atravessando a região. Antonio cuida das feridas de Marcelo. Os dois se apaixonam e vivem uma história que transforma, desestabiliza e provoca rupturas em cada um deles.
Sessões: 17 de junho, às 20h45, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 18 de junho, às 13h30, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “Aurora” (Dir. João Vieira Torres | Brasil, Portugal, França | 2025 | 130’)
Classificação indicativa 14 anos
Sinopse: Aurora foi a avó do diretor. Sem saber ler ou escrever, ela foi parteira e curandeira por mais de quarenta anos no sertão profundo da Bahia. De um encontro a outro, com os vivos e os mortos, o filme segue seus rastros, confrontando a violência estrutural de gênero e racial, presentes na formação histórica do Brasil.
Sessões: 15 de junho, às 20h30, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 16 de junho, às 15h15, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “A Voz de Deus” (Miguel Antunes Ramos | Brasil | 2025 | 85’)
Classificação indicativa 12 anos
Sinopse: Duas crianças pregadoras buscam uma vida melhor através da fé. Daniel,17, lida com a frustração paterna: ele era a criança pregadora mais famosa do Brasil, mas à medida que cresce há cada vez menos interesse. João, por sua vez, está no auge: com 12 anos, possui um milhão de seguidores no Instagram, e prega para multidões. Um ciclo que termina e outro que começa. Um país que não é mais o mesmo.
Sessões: 12 de junho, às 21h, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 13 de junho, às 13h30, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “Cais” (Dir. Safira Moreira | Brasil | 2025 | 69’)
Classificação indicativa 10 anos
Sinopse: Dois meses após o falecimento de sua mãe Angélica, Safira viaja em busca de encontrá-la em outras paisagens. Num curso fluvial, o filme percorre cidades banhadas pelo Rio Paraguaçu (Bahia) e pelo Rio Alegre (Maranhão), para imergir em novas perspectivas sobre memória, tempo, nascimento, vida e morte.
Sessões: 16 de junho, às 21h15, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 17 de junho, às 13h40, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “Explode São Paulo, Gil” (Dir. Maria Clara Escobar | Brasil, Portugal | 2025| 97’)
Classificação indicativa 14 anos
Sinopse: Gil sempre quis ser cantora. Ela se mudou para São Paulo com sua esposa quando tinha 20 e poucos anos. Agora, aos 50, é faxineira. Maria Clara lhe propõe fazer um filme no qual Gil será CANTORA. Ela também quer explodir São Paulo. Gil não quer, mas aceita para que o filme aconteça. Gil se torna uma famosa, elas explodem duas cidades e refletem sobre sonhos, trabalho, envelhecimento e esquecimento.
Sessões: 13 de junho, às 21h15, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 14 de junho, às 16h00, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “Paraíso” (Dir. Ana Rieper | Brasil | 2025 | 76’)
Classificação indicativa 14 anos
Sinopse: Documentário de longa-metragem sobre as heranças da condição colonial brasileira na vida diária de hoje. A partir de uma narrativa musical e do uso de material de arquivo de naturezas diversas, o filme propõe uma viagem inquieta por relações forjadas pela posse de terras e de pessoas. Uma sinfonia popular sobre violência, resistência, força e afeto.
Sessões: 15 de junho, às 16h, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 16 de junho, às 16h00, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz).
– “Torniquete” (Dir. Ana Catarina Lugarini | Brasil | 2025 | 75’)
Classificação indicativa 14 anos
Sinopse: Uma família multigeracional de três mulheres enfrenta as marcas de mais uma invasão traumática, revisitando o passado, reconstruindo o futuro e curando suas feridas.
Sessões: 14 de junho, às 21h, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON) – seguida por debate com equipe do filme; 15 de junho, às 15h45, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz) – Sessão com recursos de acessibilidade – Audiodescrição e Libras;
O 14º Olhar de Cinema reúne 92 produções, entre curtas e longas-metragens, de todo o mundo. As sessões ocorrem no Cine Passeio, Cine Guarani, no Museu Oscar Niemeyer (Sala Claro MON), no Teatro da Vila (CIC), na Cinemateca e na Ópera de Arame. Os ingressos têm valores acessíveis, indo de R$8 (meia-entrada) a R$16 e podem ser adquiridos pelo site oficial e pelo aplicativo do Olhar de Cinema, disponível para iOS e Android. Os ingressos para as exibições no Cine Passeio e Cine Guarani também podem ser adquiridas também pelo ingresso.com.
Confira a programação completa no site oficial.
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